segunda-feira, 22 de agosto de 2016

A Ressonância Magnética ajuda na decisão de operar ou não paciente com hérnia de disco lombar? Veja o resumo de um recente artigo científico publicado em uma importante revista científica!

Abaixo tradução do texto publicado no site spineuniverse.com com comentário sobre o artigo científico publicado este ano no Journal of Neursurgery: Spine (El Barzouhi A, Verwoerd AJH, Peul WC, et al. Prognostic value of magnetic resonance imaging findings in patients with sciatica. J Neurosurg Spine. 2016;24(6):978–985.)

É padrão a solicitação de uma ressonância magnética (RM) para pacientes com ciática (dor na perna) relacionada a hérnia discal, frequentemente descrita como lombociatalgia intensa (dor na lombar e na perna), que não responde ao tratamento conservador após 6 semanas. Causas compressivas e, particularmente, a gravidade da lesão compressiva são fatores que influenciam a decisão de conduta do médico, seja com indicação de cirurgia ou continuidade do tratamento conservador, incluindo possíveis injeções/infiltrações epidural de corticóide.

Dr. Abdelilah el Barzouhi e seus colegas chamou atenção para esta prática em uma edição recente do Journal of Neurosurgery: Spine. O que eles descobriram foi que "RM não tem valor na tomada de decisão entre a cirurgia precoce e tratamento conservador prolongado."

For those patients suffering from their first bout of sciatica, the prognosis is good. In fact, 60%-80% will have a spontaneous resolution of the leg pain after the initial 6-8 week period. According to the authors, “A recent systematic review, which evaluated the probability of spontaneous regression among different types of lumbar herniated discs, found a rate of spontaneous regression of 96% for disc sequestration, 70% for disc extrusion, and 41% for disc protrusion.” Seemingly the worse the lesion, the better the prognosis, and this is what the researchers found.

Para aqueles pacientes que sofrem de sua primeira "crise" de ciática, o prognóstico é bom. De fato, 60% -80% apresentarão resolução espontânea da dor na perna após o período inicial de 6-8 semanas. De acordo com os autores, "Uma recente revisão sistemática que avaliou a probabilidade de regressão espontânea entre diferentes tipos de herniações discais lombares, encontrou uma taxa de regressão espontânea de 96% para o disco "sequestrado", 70% para a disco extruso, e 41% para o disco protruso." Aparentemente, quanto pior a lesão, melhor o prognóstico, e isso foi o que os pesquisadores encontraram.


The Sciatica Trial
The study included 283 patients with severe first occurrence sciatic symptoms persisting between 6-12 weeks. To be eligible for the sciatica trial, patients needed to have a dermatomal pattern of pain distribution, neurological abnormalities, and compressive MRI findings that all correlated to the same nerve root. Patients were randomized to either early surgery (n=141) or prolonged conservative care (n=142) for 6 months followed by surgery for those not improved or earlier surgery for those who needed it due to pain. In the conservative care group, 55 had surgical intervention by 1-year follow-up.

O estudo incluiu 283 pacientes com primeira ocorrência de sintomas graves de ciática persistindo entre 6-12 semanas. Para ser elegível para o estudo os pacientes precisavam ter um padrão radicular de distribuição da dor, alterações neurológicas e achados de compressão na ressonância magnética, todos correlacionados com a mesma raiz nervosa. Os pacientes foram randomizados para cirurgia precoce (n = 141) ou tratamento conservador prolongado (n = 142) por 6 meses seguidos de cirurgia para aqueles que não melhoraram ou de cirurgia precoce para aqueles que necessitaram disto devido à dor. No grupo de tratamento conservador, 55 tiveram intervenção cirúrgica em 1 ano de seguimento.

The patients who had a disc extrusion compared to protrusion tended to have a higher although non-significant rate of recovery (HR: 1.15, P=.10). They also had less severe leg pain (P=.006), a lower VAS back pain score (P=.02), but not a more favorable RDQ score (P=.07).

Resultados

Os pacientes que tiveram compressão da raiz nervosa na ressonância magnética tenderam a ter uma taxa de recuperação maior, embora não-significante, do que aqueles sem compressão (HR: 1,34, P = 0,10). Eles também tiveram menos dor grave na perna durante o 1o ano de seguimento (P <.001), um escore de Roland Disability Questionnaire (RDQ) mais favorável (P = 0,01), e uma menor pontuação na escala visual analógica (VAS) de dor (P = 0,02).

Os pacientes que tiveram uma extrusão de disco tenderam a ter uma taxa mais elevada, embora não significativa, de recuperação em comparação com protrusão  (HR: 1,15, P = 0,10). Eles também tiveram menos dor grave na perna (P = 0,006), uma menor pontuação de dor lombar VAS (P = 0,02), mas não uma pontuação RDQ mais favorável (P = 0,07).

The size of the disc herniation was not associated with either rate of recovery or leg pain, nor did it affect the decision to have surgery in the conservative group. The authors commented, “In a subanalysis involving only patients who were randomized to conservative care, we compared the disc herniation size between those who crossed over to surgery (n=55) and those who did not (n=87). Large disc herniations (≥ 50% of the spinal canal) were nearly equally distributed between those who did and those who did not undergo surgery (24% vs 21%, P =0.65).”

O tamanho da herniação discal não foi associada a taxa de recuperação ou dor nas pernas, nem afetou a decisão de indicar uma cirurgia no grupo conservador. Os autores comentaram: "Em uma sub-análise envolvendo apenas pacientes que foram randomizados para tratamento conservador, comparamos o tamanho da hérnia discal entre aqueles que passaram para a cirurgia (n = 55) e aqueles que não o fizeram (n = 87). Hérnias de disco grandes (≥ 50% do canal espinhal) foram quase igualmente distribuídas entre aqueles que fizeram e aqueles que não foram submetidos a cirurgia (24% vs 21%, P = 0,65) ".

Possibly even more surprising was the fact that larger herniations were not associated with better outcomes in the surgery group. “From a clinical viewpoint, we expected a larger-size disc herniation at baseline to be associated with a better outcome in the surgically treated cohort during follow-up than in the conservatively treated patients. However, the presence of large disc herniations (present in 21% of our included patients) showed no prognostic value, irrespective of surgical or prolonged conservative treatment.”

Possivelmente ainda mais surpreendente foi o fato de hérnias maiores não foram associados a melhores resultados no grupo de cirurgia. "Do ponto de vista clínico, esperávamos uma hérnia de disco de tamanho maior no início do estudo estar associada com um melhor resultado no grupo tratado cirurgicamente durante o seguimento do que nos pacientes tratados conservadoramente. No entanto, a presença de grandes hérnias discais (presente em 21% dos pacientes incluídos) não mostrou valor prognóstico, independentemente do tratamento cirúrgico ou conservador prolongado."

Uma explicação para esses achados é que a etiologia da dor ciática poderia ser tanto compressiva quanto não-compressão (inflamatória). Os autores sugeriram que "uma causa não-compressiva (possivelmente inflamatória)  da dor ciática pode ser mais difícil de resolver espontaneamente. O presente estudo em 283 pacientes com dor ciática, assim como 2 estudos anteriores, apoia esta teoria e encontrou um melhor prognóstico para pacientes com evidente compressão da raiz nervosa na RM".

Complicações foram mínimas, ocorrendo em apenas 1,6% dos casos cirúrgicos e todas resolveram-se espontaneamente.

The authors discussed MRI with some caveats. “The marked increase in rates of lumbar spine surgery has partly been linked to the increased availability of advanced diagnostic imaging techniques. Moreover, spine imaging may have an adverse effect; ie, telling patients they have an imaging abnormality can lead to unintended harm related to disease labeling.”
The authors concluded that MRI doesn’t help to guide the sciatic patient to surgery or conservative care, but “may be informative to predict the patient’s prognosis in sciatica.”

Conclusões

Os autores discutiram a RM com algumas ressalvas. "O marcado aumento nas taxas de cirurgia da coluna lombar, em parte, tem sido associado ao aumento da disponibilidade de técnicas avançadas de diagnóstico por imagem. Além disso, a imagem da coluna pode ter um efeito colateral, ou seja, dizer aos pacientes que eles têm uma anormalidade de imagem pode levar a danos não intencionais relacionados com a rotulagem de doença."

Os autores concluíram que a RM não ajuda a indicar cirurgia ou tratamento conservador no paciente com dor, mas "pode ​​ser informativa para predizer o prognóstico do paciente com dor ciática."


Dr. Fabrizio Borges Scardino

Neurocirurgia

Tratamento Intervencionista da Dor

Mielopatia cervical espondilótica - doença da coluna que pode causar fraqueza nos braços e/ou nas pernas, dificuldade para andar, abotoar camisa, urinar, ...

A mielopatia cervical espondilótica (MCE) é uma doença degenerativa da coluna cervical, secundária a uma estenose do canal vertebral cervical (por abaulamento/hérnia do disco intervertebral, hipertrofia (aumento) das articulações das vértebras (articulações facetárias), osteófitos posteriores ("bicos de papagaio" na região posterior do corpo vertebral) ou pela hipertrofia do ligamento amarelo (ligamento na parte posterior do canal vertebral).

Nesta doença há compressão e lesão da medula espinhal cervical, podendo o paciente apresentar sintomas como cervicalgia/cervicobraquialgia (dor no pescoço e nos braços), tetraparesia (fraqueza nos braços e pernas), espasticidade (braços e pernas enrijecidos), hiperreflexia (exacerbação dos reflexos nos braços e pernas), dificuldade para caminhar, alteração do controle da bexiga e intestino, etc.

Possui  como um de seus principais diagnósticos diferenciais a esclerose lateral amiotrófica (ELA). 

O paciente com mielopatia cervical espondilótica e sinais de sofrimento medular deve ser submetido a tratamento cirúrgico, que visa estabilizar o quadro atual do paciente e evitar a piora dos sintomas, entretanto normalmente ocorre melhora dos sintomas presentes.

A cirurgia a ser realizada varia de acordo com vários parâmetros, devendo o neurocirurgião assistente avaliar a melhor abordagem para cada caso.

No link abaixo você pode acessar um artigo científico que publiquei no European Spine Journal sobre este assunto (produto de minha dissertação de mestrado):

http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2899963/pdf/586_2009_Article_1267.pdf


Dr. Fabrizio Borges Scardino

Neurocirurgia

Tratamento Intervencionista da Dor

segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Por que um especialista em Dor?

Apesar de quase todas as especialidades médicas tratarem de algum tipo de dor, o tratamento de dores, em especial das dores crônicas, é um grande desafio, devido suas várias causas e fatores associados.

Devido a esta complexidade, o tratamento da Dor foi incluído pelo CFM (Conselho Federal de Medicina) como Área de Atuação de algumas especialidades médicas.

Para um médico especialista adquirir o título de Área de Atuação em Dor não basta fazer a Residência Médica, que precisa ser em uma das seguintes especialidades: Neurocirurgia ou Neurologia ou Reumatologia ou Medicina Física e Reabilitação ou Ortopedia e Traumatologia ou Acupuntura ou Clínica Médica ou Anestesiologia ou Pediatria. O especialista deve ainda cumprir alguns critérios estabelecidos por cada Sociedade de Especialidade Médica para aquisição deste título.

Apenas o médico com Área de Atuação em Dor, e com este título registrado no CRM (Conselho Regional de Medicina) de seu Estado, está habilitado a se identificar como especialista no tratamento da Dor. 

A dor crônica é um sintoma/doença altamente frequente e incapacitante, devendo o especialista buscar sempre seu alívio e a melhoria da qualidade de vida dos pacientes.

Um especialista pode fazer toda a diferença em seu tratamento!!!

Veja neste link a lista de especialidades médicas e áreas de atuação reconhecidas pelo CFM:
http://www.portalmedico.org.br/resolucoes/CFM/2015/2116_2015.pdf


Dr. Fabrizio Borges Scardino

Neurocirurgia

Tratamento Intervencionista da Dor

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Estenose de canal lombar - uma possível causa de dor nas costas e nas pernas (lombociatalgia e claudicação neurogênica)!

O canal vertebral lombar é circundado pelo disco intervertebral, pela vértebra e por ligamentos. No seu interior está o saco dural, por onde passam as raízes nervosas que formam os nervos. Estes, por sua vez, inervam a região do quadril, membros inferiores, órgão genital, bexiga, intestino, etc.


O canal vertebral lombar pode ser estenosado (estreitado) de forma congênita (a pessoa já nasce com o canal vertebral com diâmetro reduzido) ou de forma adquirida, devido a um abaulamento/hérnia do disco intervertebral, hipertrofia (aumento) das articulações entre as vértebras (articulações facetárias) ou pela hipertrofia do ligamento amarelo. Pode também ocorrer em casos de espondilolistese (escorregamento de uma vértebra sobre a outra). 

A estenose do canal lombar, quando significativa, pode provocar compressão das raízes nervosas originando um quadro de lombalgia (dor lombar) com dor irradiada para os membros inferiores, que caracteristicamente piora quando o paciente anda alguns ou vários metros (claudicação neurogênica) e melhora quando o paciente inclina o tronco para a frente ou quando senta/deita.

Assim como na hérnia de disco, o tratamento é, inicialmente, realizado através de medicação e fisioterapia. No caso de não resposta a estes tratamentos pode ser optado pela realização de tratamento intervencionista para dor (bloqueios/infiltrações na coluna lombar).

Em casos que não respondem ao tratamento não-cirúrgico pode estar indicada a realização de cirurgia, que tem como objetivo aumentar o diâmetro do canal vertebral através da retirada da porção posterior da vértebra (laminectomia ou laminotomia) e ressecção do ligamento amarelo hipertrofiado. Quando há espondilolistese, pode ser necessária utilização de parafusos e hastes para fixar as vértebras e evitar o aumento do escorregamento entre elas.


Dr. Fabrizio Borges Scardino

Neurocirurgia

Tratamento Intervencionista da Dor

sábado, 6 de agosto de 2016

Articulação sacroilíaca - uma importante causa de dor lombar, porém pouco valorizada.

Você sabe onde fica a articulação sacroilíaca? Sabia que ela pode ser a fonte de uma dor crônica na coluna lombar e nas nádegas?

Pois bem...

As articulações sacroilíacas (SI) podem ser responsáveis pela etiologia (causa) de até 30% das dores lombares. A dor originada nestas articulações, que unem a porção final da coluna vertebral (sacro) ao quadril (ilíaco) bilateralmente, pode ser referida para a região lombar, nádegas, virilha e membros inferiores. 

A intensidade da dor pode aumentar quando o paciente permanece longos períodos sentado ou de pé ou ao subir escadas.

A dor com origem nas articulações SI  pode se apresentar com: dor lombar, dor, dormência, formigamento ou fraqueza nos membros inferiores, dor na região glútea, dor na virilha, sensação de instabilidade nas pernas, dor ao permanecer sentado por longos períodos, dor ao se levantar.

O diagnóstico etiológico desta dor é realizado através de:

- História clínica (anamnese):  Deve-se focar no tempo de dor, localização e padrão de "irradiação" da dor, fatores de amplificam ou atenuam a dor, etc. 

- Exame fisico: Há manobras específicas para se avaliar a articulação sacroilíaca (teste de Patrick-Fabere, teste de Gaenslen, entre outros). 

A existência de história clínica e exame físico sugestivos de dor na articulação SI não confirma o diagnóstico, sendo a resposta positiva à infiltração da articulação sacroilíaca o padrão ouro para confirmação diagnóstica.

- Exames de imagem (ressonância, tomografia) e cintilografia óssea: Úteis para descartar outras lesões na coluna ou pelve e podem identificar sacroiliíte (inflamação das articulações SI). Entretanto, a ausência de alterações nestes exames não exclui a articulação SI como fonte da dor.

- Infiltração da articulação sacroilíaca: Procedimento percutâneo realizado com o paciente acordado, sob sedação leve e anestesia local, sob orientação de fluoroscopia (aparelho de raio-x) ou tomografia computadorizada. Consiste da punção da articulação SI com uma agulha e, após confirmação do correto posicionamento da agulha, injeção de solução contendo anestésico local e corticosteróide. A ocorrência de alívio da dor após o procedimento confirma a articulação SI "infiltrada" como a fonte da dor. 

A infiltração da articulação SI, além de diagnóstica, tem objetivo terapêutico, visto que o corticosteróide possui ação prolongada, sendo comum a permanência do alívio da dor por meses.


O tratamento da dor originada nas articulações sacroilíacas inclui o uso de medicamentos, realização de fisioterapia, infiltração de articulação SI e rizotomia por radiofrequência.

A rizotomia para dor nas articulações sacroilíacas é, assim como a infiltração, um procedimento percutâneo realizado com o paciente acordado, sob sedação leve e anestesia local (alguns médicos podem preferir realizar o procedimento sob anestesia geral), sob orientação de fluoroscopia (aparelho de raio-x) ou tomografia computadorizada., entretanto, ao invés da infiltração de uma solução intra-articular para alívio da dor, é realizada uma lesão térmica de pequenas raízes nervosas que inervam a articulação fonte da dor, promovendo alívio da dor originada naquela articulação.


Dr. Fabrizio Borges Scardino

Neurocirurgia

Tratamento Intervencionista da Dor

Minha coluna dói! De onde vem esta dor?

A "dor nas costas" é uma queixa extremamente comum nos consultórios médicos e nos prontos-socorros. Estima-se que cerca de 70 a 85% das pessoas apresentará lombalgia (dor lombar) em algum momento de sua vida. 

Grande parte das pessoas, ao sentir dor nas costas, pensa primeiramente em hérnia de disco, mas existem várias outras possíveis causas para a ocorrência desta dor, que devem também ser valorizadas pelos pacientes e investigadas pelos médicos, para um adequado tratamento e uma melhor resposta.

As estruturas que podem ser responsáveis pela origem da lombalgia são: 

- Músculos e fáscias musculares (dor miofascial): dor com origem na musculatura relacionada à região lombar. Pode ser de forte intensidade e pode se tornar crônica, com duração de vários meses. Pode ocorrer isoladamente ou associada a dor de outra fonte (ex.: artrose na coluna), pelo fato desta promover sobrecarga da musculatura, com consequente disfunção e dor. Além do tratamento com medicamentos e fisioterapia, há a opção da realização da técnica de agulhamento seco de pontos gatilhos na musculatura dolorida, com o objetivo de aliviar a dor.

- Articulações facetárias (dor facetária):  dor originada nas articulações existentes na parte posterior das vértebras, que articula uma vértebra à outra ou ao sacro. Pode ocasionar dor lombar localizada ou com irradiação para os membros inferiores (dor referida). Também deve ser inicialmente tratada com medicamentos e fisioterapia, mas, no caso de não haver melhora, possui uma técnica de tratamento específico, o bloqueio facetário (diagnóstico e terapêutico) e a rizotomia facetária por radiofrequência.

- Disco intervertebral (dor discogênica): Dor causada pela degeneração discal, sem compressão do nervo,  ocasionando dor lombar sem irradiação para os membros inferiores. É controversa a utilização da discografia provocativa na tentativa de se confirmar a origem da dor no disco intervertebral, não sendo utilizada por vários especialistas. Dentre os tratamentos para este tipo de dor há o medicamentoso, o fisioterapêutico, os procedimentos intervencionistas para dor (bloqueio e radiofrequência pulsada do gânglio da raiz dorsal de L2, nucleoplastia, IDET, biacuplastia) e o tratamento cirúrgico com artrodese da coluna vertebral.


- Articulações sacroilíacas: Apesar de ser uma causa comum e importante de dor lombar, as articulações sacroilíacas são pouco lembradas por vários médicos ao avaliarem e tratarem pacientes com lombalgia. A dor com origem nas sacroilíacas pode ser suspeitada pela história clínica e pelo exame físico bem realizados, e a confirmação é realizada através de bloqueio diagnóstico da articulação sacroilíaca (o bloqueio também pode já ser terapêutico). Outra opção de tratamento para este tipo de dor, quando resistente a outras modalidades de terapêutica, é a rizotomia por radiofrequência (procedimento percutâneo que provoca lesão das pequenas raízes nervosas que se dirigem às articulações sacroilíacas).


- Nervos (dor radicular): A radiculalgia pode ser uma causa de dor lombar, sendo característica desta etiologia a presença de dor irradiada para o membro inferior, seguindo o trajeto de inervação do nervo acometido/comprimido. A dor com origem no nervo pode ser ocasionada por uma hérnia de disco ("irrita" ou comprime o nervo), por artrose nas articulações da coluna ou por espessamento de ligamentos ("irrita" ou comprime o nervo), por compressões do nervo fora da coluna vertebral (meralgia parestésica, síndrome do músculo piriforme, tumores, etc), doenças próprias do nervo (neuropatia). De acordo com o que ocasiona a dor neural será determinado o tratamento a ser realizado. Uma das formas de tratamento da dor radicular é a infiltração peridural de corticóides e anestésicos para alívio da dor.


- Outras causa de dor lombar: tumores na coluna, infecção na coluna (espondilodiscite, osteomielite, abscesso epidural), fratura (por trauma ou por osteoporose), etc.



Além destas causas, ainda é preciso ter em mente que outras doenças não diretamente relacionadas à coluna vertebral também podem apresentar dor lombar como sintoma. Dentre elas cito a nefrolitíase (cálculo renal), a infecção urinária, a pielonefrite (inflamação nos rins), viroses, etc


Dr. Fabrizio Borges Scardino

Neurocirurgia

Tratamento Intervencionista da Dor