segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Agulhamento seco! Uma excelente opção de tratamento para dor crônica nas costas. Saiba mais sobre esta técnica!

O que é o agulhamento seco ou Dry Needling?

É uma técnica de tratamento de dores crônicas, em especial de dores musculares (dor miofascial), realizada através da inserção de agulha através da pele e musculatura, sem a injeção de qualquer medicamento. 

O agulhamento seco vem se tornando cada vez mais difundido e se mostra eficaz no alívio de alguns tipos de dor. 


Quando está indicada sua realização?

Pode ser utilizada no tratamento de dor lombar, dor cervical, torcicolo, dor de cabeça, dor nos braços ou nas pernas, etc.

A principal indicação do agulhamento seco é para tratamento de dores crônicas de origem miofascial (dores musculares). Muitas vezes pacientes com dores crônicas na coluna vertebral apresentam mais de uma origem para suas dores (dor muscular + dor discogênica (origem no disco intervertebral) + dor articular (facetária), etc), desta forma, o agulhamento seco pode aliviar o componente da dor de origem muscular, propiciando melhora significativa do quadro doloroso do paciente. (saiba mais sobre as possíveis origens da dor na coluna clicando aqui)

Acredita-se que boa parte das dores crônicas, incluindo dores na coluna vertebral, tenha origem muscular (miofascial). 

Os músculos podem ser a origem primária da dor, assim como podem começar a doer devido a uma maior sobrecarga muscular por uma dor pré-existente (ex.: alguém com dor no joelho direito começa a andar "mancando" e passa a sobrecarregar a coluna e perna esquerda, iniciando quadro doloroso nestas regiões). 

Os músculos podem apresentar pontos de tensão, conhecidos como pontos gatilhos ou "trigger points", ou popularmente chamados de "nós" na musculatura. 



Qual o objetivo do agulhamento seco?

O objetivo do agulhamento seco é inativar os pontos de tensão da musculatura (pontos gatilhos), provocando alívio da dor de origem miofascial (muscular)


Como é realizado o agulhamento seco?

A agulha utilizada no agulhamento seco é a mesma utilizada para realização de acupuntura, apesar de serem procedimentos distintos, com técnicas e princípios diferentes.

A agulha é inserida através da pele do paciente até atingir o músculo alvo, sem necessidade de anestesia. Normalmente o procedimento é bem tolerado pelos pacientes, com leve desconforto. 

Após a inserção da agulha no ponto de tensão no músculo (trigger point) é comum haver a contração do segmento muscular (twitch). O agulhamento leva ao aumento do fluxo sanguíneo nesta área, provocando relaxamento muscular e alívio imediato da dor. 

Esta técnica pode ser realizada em ambiente ambulatorial (no consultório médico).


Quantas sessões são necessárias para alívio da dor?

Normalmente os pacientes experimentam sensação de relaxamento e alívio imediato da dor, mesmo que parcial. 

Podem ser necessárias algumas sessões de agulhamento seco durante o tratamento. 

A quantidade de sessões a serem realizadas será determinada pela evolução da dor durante o tratamento.


Como fica o tratamento após o agulhamento seco?

As sessões de agulhamento seco devem ser acompanhadas pela realização de tratamento fisioterapêutico, com alongamento e fortalecimento muscular supervisionados, visando a manutenção do alívio produzido pela inativação dos pontos gatilhos nos músculos e evitando-se a reativação destes pontos. 

É fundamental que o paciente mantenha tratamento fisioterapêutico (fisioterapia, RPG, Pilates, etc) após ou entre as sessões de agulhamento seco.


O agulhamento seco é coberto pelos planos de saúde?

Sim. O agulhamento seco de pontos gatilhos está contemplado no rol de procedimentos da ANS, sendo autorizado pelos planos de saúde quando solicitado por profissionais habilitados para sua realização.
         
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segunda-feira, 17 de outubro de 2016

7 erros comumente cometidos por quem sente dor na coluna! Conheça-os para evitá-los!


1. Vou ficar em repouso para proteger minha coluna e melhorar mais rápido.


O tratamento das dores crônicas na coluna vertebral tem um de seu pilares na realização de atividades físicas, dentre elas fisioterapia, Pilates, RPG, etc, buscando-se o alongamento e fortalecimento muscular. Atividades físicas são benéficas e essenciais para o tratamento e para a prevenção das dores crônicas na coluna vertebral. É comum pessoas com dores crônicas apresentarem medo de se movimentar, chamado de cinesiofobia, o que prejudica o tratamento e deve ser combatido. O repouso apenas é recomendado em alguns casos específicos, de acordo com a avaliação médica. Os exercícios devem ser realizados de forma leve, gradual e seguindo a orientação de um especialista (fisioterapeuta ou educador físico).


2. Vou tomar um anti-inflamatório para melhorar minha dor. Não vai me fazer mal, já que posso comprar na farmácia sem receita.


O uso crônico de anti-infamatórios pode sim aliviar a dor, mas em contrapartida há o risco de lesões gásticas (gastrite, úlcera) e renais (podendo inclusive levar a insuficiência renal). Portanto, o uso de forma crônica destas medicações deve ser evitado.
As medicações preconizadas para tratamento de dores crônicas são diferentes daquelas utilizadas para tratamento de dores agudas (fraturas, contusões, pós-cirúrgias recentes, etc). (clique aqui e saiba mais sobre uso de medicamentos para dores crônicas)




3. Minha dor é muito intensa. Só cirurgia para resolver!


A cirurgia para tratamento de dores crônicas da coluna (ex.: hérnia de disco, artrose, artropatias, espondilolistese, etc) estará indicada em uma minoria dos casos onde há falência do tratamento conservador ou outros sintomas mais graves como fraqueza, perda de sensibilidade ou perda de controle esfincteriano, por exemplo. Deve-se ter em mente também que a realização de cirurgia não é garantia de melhora ou cura da dor, apesar de ser uma excelente opção em alguns casos bem selecionados, como citei acima. 

A grande maioria dos pacientes com dores crônicas na coluna não precisará de cirurgia para tratar sua dor, e apresentará controle satisfatório de suas dores com o tratamento conservador, que pode consistir de uma ou mais das seguintes modalidades (analgesia, fisioterapia, Pilates, RPG, acupuntura, agulhamento seco, bloqueios/infiltrações, rizotomias, etc), devendo sempre que possível ser realizado antes de se pensar em uma cirurgia.


4. Da mesma forma que apareceu, esta dor vai sumir! Sozinha.

Algumas dores persistem além do tempo de recuperação normal ou esperado, deixando de ser um sinal de alerta e se tornando crônicas. 

O tratamento das dores crônicas é, em muitas ocasiões, complexo e deve ser tratado de forma multidisciplinar por profissionais qualificados e especializados no tratamento deste tipo de dor.

Procure um especialista para tratar sua dor e evite sofrimento desnecessário.



5.  Uma conhecida melhorou após tomar um remédio ou após fazer uma cirurgia. Vou fazer o mesmo que também vou melhorar.


Não compare sua dor com a de outra pessoa. Existem várias possíveis causas para a dor nas costas (músculos, articulações, discos intervertebrais, nervos, ossos, etc), além de vários fatores que influenciam na sensação e no comportamento doloroso (estado emocional, sedentarismo, obesidade, doenças concomitantes, etc). 

Isto faz com que sua dor seja, de alguma forma, diferente da dor de outra pessoa.

O que funciona para ela pode não funcionar para você, ou até lhe ser prejudicial (efeitos colaterais, alergias, ganho de peso, etc).


6. Não vou fazer fisioterapia. Não serve para nada!


A fisioterapia é parte fundamental do tratamento da imensa maioria dos pacientes com dores crônicas. A fisioterapia deve ser iniciada assim que possível, e tem vários objetivos, dentre os quais liberações miofasciais, alongamentos musculares, fortalecimentos musculares, equilíbrio e reeducação postural e corporal, etc). Também é útil na prevenção de novas crises dolorosas.

Entretanto, é extremamente importante que o tratamento fisioterapêutico seja personalizado e comprometido, para que cada paciente seja abordado e tratado da forma mais adequada às suas necessidades, proporcionando melhor resposta ao tratamento.








7. O remédio que meu médico receitou não funciona. Vou trocar por outro.

Algumas medicações utilizadas para tratamento de dores crônicas são prescritas com o objetivo de reduzir a sensação de dor percebida pelos pacientes, e seu início de ação pode ser tardio (melhora percebida apenas após algumas semanas de início do uso da medicação). 

Portanto, interromper o tratamento de forma precoce e sem consultar seu médico pode impedir que você tenha uma resposta adequada ao tratamento que poderia lhe auxiliar no controle da dor e na redução da necessidade de uso de outras medicações como analgésicos, relaxantes musculares, anti-inflamatórios, etc. 

Procure sempre consultar seu médico antes de suspender uma medicação prescrita por ele. A menos que haja efeitos colaterais importantes ou alergia.
         
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segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Remédios para dor. Faz mal usá-los por muito tempo?

É comum os pacientes questionarem sobre o uso por tempo prolongado de medicamentos para o tratamento da dor. 

Muitos acreditam que não deveriam utilizá-los de forma contínua, por receio de se viciar ou apresentar efeitos colaterais, podendo fazer mal à sua saúde. 

Há um outro grupo de pessoas que praticam a auto-medicação, indo à farmácia e comprando medicamentos de venda livre, como anti-inflamatórios, analgésicos comuns ou relaxantes musculares, sem orientação médica.


É importante lembrarmos que a dor crônica, como eu já expliquei em um outro artigo, deixa de ser um sinal de alerta que avisa o corpo que algo ruim está acontecendo. A dor crônica é considerada uma doença e deve ser tratada como tal.

Como exemplo vou citar pacientes que apresentam outras doenças crônicas bem conhecidas, a  hipertensão arterial (pressão alta) ou o diabetes melito. Hipertensos e diabéticos normalmente precisam fazer uso contínuo de medicamentos para controlar a pressão arterial ou a glicemia (glicose no sangue). Apesar de usarem estes medicamentos, eles não obtêm cura, mas sim um controle adequado da doença.

O mesmo pensamento deve ser aplicado para o tratamento da dor crônica, onde se busca o alívio e controle da dor, com melhora da qualidade de vida dos pacientes e redução das limitações provocadas pela dor.

O tratamento da dor crônica deve incluir a associação de terapias medicamentosas e não-farmacológicas. O uso de medicamentos é muito importante no início do tratamento, principalmente quando os pacientes apresentas dores de forte intensidade. No decorrer do tratamento se busca reduzir progressivamente o uso de medicamentos e prioriza-se as terapias não-farmacológicas. 

A medicação não é a única forma de tratar a dor crônica e não é correto afirmar que todos os pacientes com dor crônica precisarão fazer uso de remédios pelo resto da vida, mas deverão utilizá-los pelo tempo necessário, muitas vezes de forma crônica, contínua, como tratamento principal ou auxiliar a outras terapias como fisioterapia, RPG, Pilates, acupuntura, agulhamento seco de pontos gatilhos musculares, etc. Estas terapias não-medicamentosas devem ser consideradas pelos pacientes como um verdadeiro tratamento, tornando-se parte de sua rotina de vida.

Não há medicamentos "inocentes". Todos podem causar efeitos colaterais, de mais leves a mais graves. Isto vale para todos, inclusive os analgésicos comuns e, especialmente, os anti-inflamatórios, que podem provocar lesões gastrointestinais (gastrite, úlcera) e renais (até insuficiência renal), principalmente quando usados por tempo prolongado e por idosos.

Apesar disto não se deve ter medo de usar medicamentos, sendo muito importante a orientação médica para que seja realizado o correto diagnóstico da dor e a escolha do medicamento mais adequado para cada caso, não apenas a fim de reduzir riscos de efeitos colaterais e adição (vício), mas também para aumentar a eficácia da medicação e proporcionar o maior alívio da dor.

Resumindo, os medicamentos devem ser utilizados pelos pacientes com dores crônicas, seguindo a orientação médica, pelo tempo necessário ao alívio da dor, e associados a tratamentos não-medicamentosos como fisioterapia, Pilates, RPG, acupuntura, etc.



Dr. Fabrizio Borges Scardino

Neurocirurgia

Tratamento Intervencionista da Dor

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Já ouviu falar de dor facetária? Então saiba um pouco mais sobre este tipo de dor que é responsável por grande parte das dores nas costas!

Introdução

As vértebras que formam a coluna vertebral são dispostas umas acimas das outras. Em sua parte anterior, os corpo vertebrais são separados uns dos outros por "amortecedores", os discos intervertebrais. Em sua parte posterior as vértebras possuem as articulações facetárias ou zigoapofisárias, que proporcionam movimentação de uma vértebra em relação à outra. 

Com o processo normal de envelhecimento ocorre progressivo "desgaste" destas articulações, o que é bem tolerado pela maioria das pessoas, porém alguns apresentarão acometimentos mais importantes, com allterações nas cartilagens articulares, aumento de tamanho das facetas (hipertrofia facetária), cistos facetários, o que pode ocasionar dor, restrição de movimento e redução da qualidade de vida.

A dor facetária pode ocorrer tanto na região cervical, quanto na dorsal e na lombar, entretanto é mais frequentemente observada na região lombar e cervical, respectivamente, por serem porções mais móveis da coluna, exigindo maior atuação das articulações. As vértebras lombares inferiores são as mais comumente acometidas, pois suportam o maior peso. 

A dor facetária se caracteriza por ser uma dor na coluna (lombar, cervical ou dorsal), com possibilidade de extensão da dor para outras regiões como ombros, região posterior e lateral da cabeça, entre as escápulas e braços no caso da dor facetária cervical; e para coxas, nádegas, região inguinal e dorso (costas) no caso da dor facetária lombar. Os movimentos de extensão (inclinar-se para trás) e rotação da coluna normalmente agravam a dor.

Diagnóstico

O diagnóstico da dor facetária se baseia nos seguintes fatores:

1- características da dor (local de ocorrência, movimentos que agravam a dor, etc), necessitando ser realizada uma boa anamnese (história clínica) e exame físico/neurológico. 

2- Exames de imagem (Rx, tomografia ou ressonância): Os exames de imagem podem ou não demonstrar alterações facetárias, sendo importante ter em mente que uma ressonância magnética pode demonstrar alterações facetárias em uma pessoa assintomática, sem dor lombar ou cervical, assim como uma ressonância pode ser normal em uma pessoa com dor facetária de forte intensidade. Portanto, a ressonância magnética ou qualquer outro exame não exclui nem comprova a dor facetária, sendo meramente exame complementar à suspeita clínica levantada pelo exame físico realizado pelo seu médico. Os exames de imagem possuem maior importância para descartar outras lesões que possam estar causando a dor (tumor, fratura, etc). clique aqui e descubra outras causas de dor na coluna


3- Bloqueio facetário: a infiltração de anestésicos associados ou não a corticosteróides é o melhor método diagnóstico para dor facetária (padrão ouro), pois neste procedimento é realizado o bloqueio anestésico seletivo, específico, destas articulações ou de pequenos nervos que inervam estas articulações, sendo que, havendo alívio da dor, comprova-se a origem da dor nas articulações facetárias.



Tratamento

O tratamento da dor facetária é realizado inicialmente com analgesia (lembrando-se que em casos de dores crônicas os medicamentos a serem utilizados são diferentes dos utilizados em casos de dores agudas) e fisioterapia (ou RPG ou Pilates). A grande maioria das pessoas apresentará adequado controle da dor com este tratamento.

Caso não haja melhora após este tratamento, pode-se indicar a realização do bloqueio facetário diagnóstico/terapêutico, que irá confirmar a origem facetária da dor e já realizar tratamento da dor, pois este bloqueio normalmente é realizado com a infiltração de anestésico e corticóide nas facetas articulares ou ao redor dos pequenos nervos que inervam as articulações facetárias. 

Havendo melhora da dor (bloqueio facetário positivo, com comprovação de se tratar de dor facetária), mantém-se o acompanhamento e tratamento. 

Caso haja retorno de dor intensa, pode-se realizar a rizotomia facetária por radiofrequência, que é um procedimento realizado sob anestesia local, onde é realizada lesão térmica (por calor) dos pequenos nervos que inervam as articulações facetárias, impedindo a propagação do estímulo doloroso e proporcionando alívio da dor, que pode durar meses a anos, e pode ser repetido se necessário no futuro.

É importante salientar que qualquer um destes tratamentos de dor crônica facetária não é curativo (mesmo cirurgias), mas têm o objetivo de aliviar a dor e melhorar a qualidade de vida dos pacientes, possibilitando realização de atividades do dia a dia ou no trabalho, lazer, sem dor ou com dor leve. 

Desta forma, o paciente deve ter em mente que é necessário manter acompanhamento médico e tratamento com exercícios físicos, alongamentos, bons hábitos de vida, e até medicamentos, a fim de prevenir recidivas da dor intensa e se manter com bom controle da dor. 


Dr. Fabrizio Borges Scardino

Neurocirurgia

Tratamento Intervencionista da Dor

segunda-feira, 22 de agosto de 2016

A Ressonância Magnética ajuda na decisão de operar ou não paciente com hérnia de disco lombar? Veja o resumo de um recente artigo científico publicado em uma importante revista científica!

Abaixo tradução do texto publicado no site spineuniverse.com com comentário sobre o artigo científico publicado este ano no Journal of Neursurgery: Spine (El Barzouhi A, Verwoerd AJH, Peul WC, et al. Prognostic value of magnetic resonance imaging findings in patients with sciatica. J Neurosurg Spine. 2016;24(6):978–985.)

É padrão a solicitação de uma ressonância magnética (RM) para pacientes com ciática (dor na perna) relacionada a hérnia discal, frequentemente descrita como lombociatalgia intensa (dor na lombar e na perna), que não responde ao tratamento conservador após 6 semanas. Causas compressivas e, particularmente, a gravidade da lesão compressiva são fatores que influenciam a decisão de conduta do médico, seja com indicação de cirurgia ou continuidade do tratamento conservador, incluindo possíveis injeções/infiltrações epidural de corticóide.

Dr. Abdelilah el Barzouhi e seus colegas chamou atenção para esta prática em uma edição recente do Journal of Neurosurgery: Spine. O que eles descobriram foi que "RM não tem valor na tomada de decisão entre a cirurgia precoce e tratamento conservador prolongado."

For those patients suffering from their first bout of sciatica, the prognosis is good. In fact, 60%-80% will have a spontaneous resolution of the leg pain after the initial 6-8 week period. According to the authors, “A recent systematic review, which evaluated the probability of spontaneous regression among different types of lumbar herniated discs, found a rate of spontaneous regression of 96% for disc sequestration, 70% for disc extrusion, and 41% for disc protrusion.” Seemingly the worse the lesion, the better the prognosis, and this is what the researchers found.

Para aqueles pacientes que sofrem de sua primeira "crise" de ciática, o prognóstico é bom. De fato, 60% -80% apresentarão resolução espontânea da dor na perna após o período inicial de 6-8 semanas. De acordo com os autores, "Uma recente revisão sistemática que avaliou a probabilidade de regressão espontânea entre diferentes tipos de herniações discais lombares, encontrou uma taxa de regressão espontânea de 96% para o disco "sequestrado", 70% para a disco extruso, e 41% para o disco protruso." Aparentemente, quanto pior a lesão, melhor o prognóstico, e isso foi o que os pesquisadores encontraram.


The Sciatica Trial
The study included 283 patients with severe first occurrence sciatic symptoms persisting between 6-12 weeks. To be eligible for the sciatica trial, patients needed to have a dermatomal pattern of pain distribution, neurological abnormalities, and compressive MRI findings that all correlated to the same nerve root. Patients were randomized to either early surgery (n=141) or prolonged conservative care (n=142) for 6 months followed by surgery for those not improved or earlier surgery for those who needed it due to pain. In the conservative care group, 55 had surgical intervention by 1-year follow-up.

O estudo incluiu 283 pacientes com primeira ocorrência de sintomas graves de ciática persistindo entre 6-12 semanas. Para ser elegível para o estudo os pacientes precisavam ter um padrão radicular de distribuição da dor, alterações neurológicas e achados de compressão na ressonância magnética, todos correlacionados com a mesma raiz nervosa. Os pacientes foram randomizados para cirurgia precoce (n = 141) ou tratamento conservador prolongado (n = 142) por 6 meses seguidos de cirurgia para aqueles que não melhoraram ou de cirurgia precoce para aqueles que necessitaram disto devido à dor. No grupo de tratamento conservador, 55 tiveram intervenção cirúrgica em 1 ano de seguimento.

The patients who had a disc extrusion compared to protrusion tended to have a higher although non-significant rate of recovery (HR: 1.15, P=.10). They also had less severe leg pain (P=.006), a lower VAS back pain score (P=.02), but not a more favorable RDQ score (P=.07).

Resultados

Os pacientes que tiveram compressão da raiz nervosa na ressonância magnética tenderam a ter uma taxa de recuperação maior, embora não-significante, do que aqueles sem compressão (HR: 1,34, P = 0,10). Eles também tiveram menos dor grave na perna durante o 1o ano de seguimento (P <.001), um escore de Roland Disability Questionnaire (RDQ) mais favorável (P = 0,01), e uma menor pontuação na escala visual analógica (VAS) de dor (P = 0,02).

Os pacientes que tiveram uma extrusão de disco tenderam a ter uma taxa mais elevada, embora não significativa, de recuperação em comparação com protrusão  (HR: 1,15, P = 0,10). Eles também tiveram menos dor grave na perna (P = 0,006), uma menor pontuação de dor lombar VAS (P = 0,02), mas não uma pontuação RDQ mais favorável (P = 0,07).

The size of the disc herniation was not associated with either rate of recovery or leg pain, nor did it affect the decision to have surgery in the conservative group. The authors commented, “In a subanalysis involving only patients who were randomized to conservative care, we compared the disc herniation size between those who crossed over to surgery (n=55) and those who did not (n=87). Large disc herniations (≥ 50% of the spinal canal) were nearly equally distributed between those who did and those who did not undergo surgery (24% vs 21%, P =0.65).”

O tamanho da herniação discal não foi associada a taxa de recuperação ou dor nas pernas, nem afetou a decisão de indicar uma cirurgia no grupo conservador. Os autores comentaram: "Em uma sub-análise envolvendo apenas pacientes que foram randomizados para tratamento conservador, comparamos o tamanho da hérnia discal entre aqueles que passaram para a cirurgia (n = 55) e aqueles que não o fizeram (n = 87). Hérnias de disco grandes (≥ 50% do canal espinhal) foram quase igualmente distribuídas entre aqueles que fizeram e aqueles que não foram submetidos a cirurgia (24% vs 21%, P = 0,65) ".

Possibly even more surprising was the fact that larger herniations were not associated with better outcomes in the surgery group. “From a clinical viewpoint, we expected a larger-size disc herniation at baseline to be associated with a better outcome in the surgically treated cohort during follow-up than in the conservatively treated patients. However, the presence of large disc herniations (present in 21% of our included patients) showed no prognostic value, irrespective of surgical or prolonged conservative treatment.”

Possivelmente ainda mais surpreendente foi o fato de hérnias maiores não foram associados a melhores resultados no grupo de cirurgia. "Do ponto de vista clínico, esperávamos uma hérnia de disco de tamanho maior no início do estudo estar associada com um melhor resultado no grupo tratado cirurgicamente durante o seguimento do que nos pacientes tratados conservadoramente. No entanto, a presença de grandes hérnias discais (presente em 21% dos pacientes incluídos) não mostrou valor prognóstico, independentemente do tratamento cirúrgico ou conservador prolongado."

Uma explicação para esses achados é que a etiologia da dor ciática poderia ser tanto compressiva quanto não-compressão (inflamatória). Os autores sugeriram que "uma causa não-compressiva (possivelmente inflamatória)  da dor ciática pode ser mais difícil de resolver espontaneamente. O presente estudo em 283 pacientes com dor ciática, assim como 2 estudos anteriores, apoia esta teoria e encontrou um melhor prognóstico para pacientes com evidente compressão da raiz nervosa na RM".

Complicações foram mínimas, ocorrendo em apenas 1,6% dos casos cirúrgicos e todas resolveram-se espontaneamente.

The authors discussed MRI with some caveats. “The marked increase in rates of lumbar spine surgery has partly been linked to the increased availability of advanced diagnostic imaging techniques. Moreover, spine imaging may have an adverse effect; ie, telling patients they have an imaging abnormality can lead to unintended harm related to disease labeling.”
The authors concluded that MRI doesn’t help to guide the sciatic patient to surgery or conservative care, but “may be informative to predict the patient’s prognosis in sciatica.”

Conclusões

Os autores discutiram a RM com algumas ressalvas. "O marcado aumento nas taxas de cirurgia da coluna lombar, em parte, tem sido associado ao aumento da disponibilidade de técnicas avançadas de diagnóstico por imagem. Além disso, a imagem da coluna pode ter um efeito colateral, ou seja, dizer aos pacientes que eles têm uma anormalidade de imagem pode levar a danos não intencionais relacionados com a rotulagem de doença."

Os autores concluíram que a RM não ajuda a indicar cirurgia ou tratamento conservador no paciente com dor, mas "pode ​​ser informativa para predizer o prognóstico do paciente com dor ciática."


Dr. Fabrizio Borges Scardino

Neurocirurgia

Tratamento Intervencionista da Dor

Mielopatia cervical espondilótica - doença da coluna que pode causar fraqueza nos braços e/ou nas pernas, dificuldade para andar, abotoar camisa, urinar, ...

A mielopatia cervical espondilótica (MCE) é uma doença degenerativa da coluna cervical, secundária a uma estenose do canal vertebral cervical (por abaulamento/hérnia do disco intervertebral, hipertrofia (aumento) das articulações das vértebras (articulações facetárias), osteófitos posteriores ("bicos de papagaio" na região posterior do corpo vertebral) ou pela hipertrofia do ligamento amarelo (ligamento na parte posterior do canal vertebral).

Nesta doença há compressão e lesão da medula espinhal cervical, podendo o paciente apresentar sintomas como cervicalgia/cervicobraquialgia (dor no pescoço e nos braços), tetraparesia (fraqueza nos braços e pernas), espasticidade (braços e pernas enrijecidos), hiperreflexia (exacerbação dos reflexos nos braços e pernas), dificuldade para caminhar, alteração do controle da bexiga e intestino, etc.

Possui  como um de seus principais diagnósticos diferenciais a esclerose lateral amiotrófica (ELA). 

O paciente com mielopatia cervical espondilótica e sinais de sofrimento medular deve ser submetido a tratamento cirúrgico, que visa estabilizar o quadro atual do paciente e evitar a piora dos sintomas, entretanto normalmente ocorre melhora dos sintomas presentes.

A cirurgia a ser realizada varia de acordo com vários parâmetros, devendo o neurocirurgião assistente avaliar a melhor abordagem para cada caso.

No link abaixo você pode acessar um artigo científico que publiquei no European Spine Journal sobre este assunto (produto de minha dissertação de mestrado):

http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2899963/pdf/586_2009_Article_1267.pdf


Dr. Fabrizio Borges Scardino

Neurocirurgia

Tratamento Intervencionista da Dor